


Fotos:Colega de trabalho Alessandra, pendurada na janela!!!
Por:Paulista quase colorada de tanta emoção!!
Nada como uma típica manhã no comércio popular para sentir o espírito paulista. Sobretudo, no final de ano. Quem é mulher sabe que não dá pra ser feliz nas compras natalinas - de roupas, sobretudo - sem passar pelo Brás e pela José Paulino, ou Jótapê, ou Zépa, para os íntimos.
No último sábado, tive como missão feminina reabastecer o armário gastanto o mínimo possível. Tarefa comparável, para quem conhece um pouco do comércio de Sampa, à de um míssil teleguiado: sempre tem, no meio da profusão dos calçadões, aquela lojinha específica onde você acha alguma coisa em bom preço. Somando uns quatro ou cinco desses achados, é possível economizar até 50% do valor total da sua compra.
Primeira parada: Jótapê. O império das roupas femininas. Passeio para o qual não se aconselha levar entes masculinos - namorados, filhos, irmãos ou amigos de qualquer espécie - sob pena de aguentar olhares extenuados ou raivosos em menos de meia hora, podendo se traduzir rapidamente em impropérios ou numa saída forçada. Compreensível. Há coisas que só a vaidade feminina é capaz de suportar, como veremos.
Chego quase ao meio-dia (já comecei cometendo um pecado mortal, ao aparecer por ali bem depois das 10h) e encontro a rua, claro, apinhada de gente. Mas tenho endereço certo: na primeira loja, já encontrou o que procurava e compro. Como foi rápido, decido dar um giro pelas restantes. Vou andando a 5km por hora, entre muitas, muitas pessoas, num festival de preços convidativos e últimas modas.
No meio do cordão de consumidoras, pedaços de vida se confundem no burburinho: "Olha, esse aqui ficava lindo pro casamento!". "Ainda tenho que passar em casa e ver isso com a minha mãe". "O jantar hoje é às...". "Ah, mas eu disse pra ele que era a última vez!"
Depois do meu rápido giro de 1h30, e de um rosto bem vermelho que eu só notaria no dia seguinte (quem mandou ignorar a dermatologista e sair sem protetor?), desapareço no metrô e sigo para meu próximo destino: a Praça da República. Ali, aos sábados e domingos, os olhos se perdem entre artigos da China e lindas peças de artesanato genuinamente brasileiro (apesar do pecado, cometido por algumas barracas, das peças feitas de pau-brasil - se certificado, não sei). Ver os mimos da praça pode ser uma distração garantida para horas. Mas infelizmente, meu tempo é curto: ainda preciso passar por outros destinos. Prometo a mim mesma voltar em outra semana, para emendar também uma visita à Liberdade, outra delícia das compras populares.
Novo metrô, mais algumas lojas e encerro meu passeio no final da tarde, com duas sacolas cheias e cerca de 100 reais a menos na carteira. E, antes que eu me sinta uma fútil irremediável, contabilizo o saldo que aquela centena me rendeu: um par de tênis, um par de sandálias, quatro toalhas de mesa, uma xícara de louça (adoro xícaras!) e algumas compras de supermercado. É, nada como a lógica capricorniana (e sobretudo, feminina) para escolher os endereços certos. :)
Por PaulistaPor:Gauchita
ÁRIES
Esse acha que a cuia é dele! Tu tá recém pondo a chaleira no fogo, e ele já tá ali, perguntando se tá pronto. Esbaforido, sempre se queima, ou fica com a bomba entupida, pões que não tem paciência pra esperar que a erva assente. Dá-lhe um Trancaço, c diz que no Natal ele vai ganhar uma cuia só pra ele. Não te preocupa, que é loco manso.
TOURO
Ele primeiro vê se a cuia é linda, no más, e depois, fica ali, acariciando a dita, com cara de libidinoso. Como em geral, é guloso pra caraco, te passa o mate, mas fica te olhando atravessado, e ruminando...como é do seu feitio. Não vale a pena discutir com o bagual, pois além de cabeçudo, quase sempre é o dono da cuia e da bomba...
GÊMEOS
O vivente já entra no rancho falando e contando causo, trovando e atraqueando que é um inferno. Tudo com a cuia na mão. Até que o povaréu começa a ficar nervoso. Conselho: antes que esfrie até a água da térmica, saiam de tininho e vão tomar mate em outro lugar. Ele nem vai notar.
CÂNCER
Esse já pega a cuia com ar de desolado, pois que a cuia lhe lembra a mãe. De tão sentimental, às vezes, ate chora, lembrando do primeiro chimarrão (que a gauchada nunca esquece). Quando sente medo do escuro, dorme com a cuia embaixo do travesseiro. E tem pencas de cuias e bombas entupindo as as gavetas... de recordação, ele diz.
LEÃO
Loco o convicto, não é que me inventou de mandar gravar um brasão de família na cuia e outro na bomba? Só toma chimarrão se tiver um povo em volta pra ficar lhe olhando, e aí, aproveita, e desata a trovar e a declamar, esperando que lhe aplaudam. Sempre é bom não contrariar.
VIRGEM
Primeiro, ele lava as mãos e todos os apetrechos, depois, confere se a erva é ecológica, e por aí vai. Acha que, o certo mesmo, era cada um ter a sua própria cuia, bomba e mate. Mas, por via das dúvidas, carrega sempre um paninho que, discretamente, vai passando no bocal da bomba. Como é metido a botiqueiro, e conhece todo tipo de erva deste Rio Grande, enquanto mateia, vai dando receitas e curando, de lombriga a esquizofrenia.
LIBRA
Flor de fresco, chega a pegar a bomba com o dedinho levantado. Mas compensa, pelo senso de justiça. Só toma o mate depois que todo mundo já se serviu. Pra ele, matear, também pode ser sinónimo de namorar; daí que, se prenda, só faz roda de mate com a indiada marmanja, e, se marmanjo, põe açúcar e mel na cuia, e vai, todo lampero, pro Brique, ver se atrai as mosca, quer dizer, as moça.
ESCORPIÃO
Pega a cuia, e matreiro... sai de fininho para algum canto, remoendo traumas, encucações e toda a sorte de loucuras. Sem essa de que vingança é um prato que se come frio, pões que, na água quente do amargo, fica tramando seus planos de vingança (inclusive, e principalmente: Revolução Farroupilha, a revanche!). E, ai daquele que não lhe passar a cuia. Otro que tem fantasias sexuais com a cuia, com a bomba e com a térmica. Só não me pergunte quais.
SAGITÁRIO
Em geral estrangeiro, pois sagitariano que é sagitariano, nunca está em seu pais de origem; aqui, no Rio Grande, pode ser um carioca, paulista ou baiano que, sem entender nada de tradição, fica mexendo o mate, com a bomba como se o amargo fosse um milk-shake. Conheci um que queria misturar mate com fanta uva.
CAPRICÓRNIO
Inventou o tele-chimarrào com pingo-boy e tudo, e o chimarrão de negócios, o qual pratica toda a sexta-feira na sua empresa, que, aliás, exporta cuia, bomba, erva e demais aparatos para a gringolândia. Diz que já tá fazendo até japuca largar o chá e pegar a cuia.
AQUÁRIO
Rebelde até a última cuia, acha que esse negócio de chimarrão tá superado. Só não sabe pelo quê. Doido, mas metido a bonzinho, adora um povaréu; daí que, convida todo o vivente que estiver passando, pra sua roda de mate. Acha que se: o chimarrão fosse servido na ONU, o mundo seria outro.
PEIXES
Inventou a leitura de cuia e "recebe" entidades durante amateada.Se desconhece o tipo de ervas que usa... mas, diz que faz roda de chimarrão com os daqui e com os do além. Por isso, um conselho de amigo: se a roda de chimarrão for em outra estância, que volte de táxi.
Por: neogaúcha aquariana
“Nossa, essa menina está com um sotaque de paulistano!”
A frase foi dita de modo divertido pelo meu pai, quando eu tinha mais ou menos uns nove anos de idade. Eu, nascida e criada na Paulicéia, do alto da minha sabedoria infantil e dos meus “erres” marcados, não entendi a afirmação. Como, sotaque? Eu não tenho sotaque, pô.
O pleno significado daquele comentário eu só entenderia alguns anos depois, quando meus pais, interioranos saudosos da terra natal, decidiram fazer as trouxas e voltar para sua cidade. Com onze anos de idade, às portas da adolescência e em novo habitat, percebi a incrível diferença que pode haver entre pessoas que aprenderam a falar em regiões distintas, ainda que separadas por apenas 180 km de rodovia. Se você quiser descobrir de onde um paulista é – cidade, bairro ou região – é só pedir pra ele dizer as palavras “porta” ou “cerca”. Pronto, já sabe se ele é da capital, do interior, do litoral ou da Mooca. Por mais que ele corra mundo, algumas características da linguagem que ele aprendeu nos tenros anos não mudam nunca.
Foi o que aconteceu com o meu vocabulário cheio de “meu”, “cara”, “nooooossa” e “putz” naqueles primeiros anos. Quando em contava alguma coisa na escola, meus colegas paravam a conversa e pediam pra eu repetir tudo de novo, só pra ouvir o sotaque. “Você fala engraçado”, diziam. É verdade. Eu, por minha vez, me segurava também para não rir com os “esquerrrrrrda” e “larrrrrrrrgura” de meus novos patrícios. Meu irmão, na época com quatro anos e ensaiando ainda a pronúncia que teria, ia ouvindo o som ambiente e aprendendo também. Resultado: continuei sendo a única representante do “orra, meu” dentro de casa.
Com o passar dos anos, aconteceu uma coisa interessantíssima. Comecei a criar um sotaque misto. Os erres, nem marcados e nem acentuados, sumiram pelo meio do caminho. Adolescente, um dia fui pedir um livro emprestado a uma amiga. Tive que repetir o título: “Triste fim de Policapo Quaresma”. Policarpo? "É, isso mesmo, Policapo".
Quando voltei pra Sampa, quase uma década depois, demorei poucos meses para recuperar a plena forma do meu sotaque paulistano. Poderia contar aqui um milhão de “causos” que vivi ou presenciei, relacionados ao sotaque de amigos ou parentes. Afinal, minha família mora perto de SP e o intercâmbio regional é constante. Mas, só para não dizer que não falei de flores, termino o post fazendo também uma homenagem ao sotaque sulista – ao lado do mineiro, um dos sotaques mais gostosos que conheço. Alguns sons e palavras não precisam ser poesia para afagar a alma e o coração da gente. Maneiríssimo, mano.
por Paulistinha (é claro) :)
O melhor dos mundos gaudério e paulista, comentado por duas amigas fãs da ponte aérea interestadual. Chegue-se e se abanque, meu!