11 dezembro, 2007

Pai Nosso Gaúcho

"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito santo e com licença, Patrão Celestial.
Vou chegando, enquanto cevo o amargo das minhas confidências, porque, ao romper da madrugada e a descambar do sol, preciso campear por outras invernadas e repontar do Céu a força e a coragem para o entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca e rebenque e esporas, não se afirma nos arreios da vida, se não se estriba na proteção do céu.
Ouve, Patrão Celeste, a oração que Te faço, ao romper da madrugada e ao descambar do sol. Tomara que todo mundo seja como irmão!
Ajude-me a perdoar as afrontas e a não fazer aos outros o que não quero para mim.
Perdoa-me, Senhor, porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer, eu me sólto porteira-a-fora... Êta, potrilho chucro, renegado e caborteiro...
Mas, eu Te garanto, meu Senhor, quero sem bom e direito.
Ajude-me, Virgem Maria, primeira prenda do Céu.
Socorre-me, São Pedro, capataz da Estância Gaúcha.
Prá fim de conversa, vou Te dizer, meu Deus, mas somente prá Ti:
que Tua vontade leve a minha de cabresto prá todo o sempre e até a Querência do Céu,
AMÉM."

Colaboração: Lú Rezende

04 dezembro, 2007

Valei-me meu São Jorge

Desculpem o desaparecimento desse espaço queridos (as), é que a dor é tamanha que meus dedos simplesmente se negavam a escrever.
Ainda é possível sentir o nó na garganta e a profunda dor no peito.Esse sapo caros amigos, será difícil de engolir.
O fato é que esta semana o Guaíba está salgado.Não pelo choro desta torcedora que vos escreve, mas pelas lágrimas de todos os torcedores alvinegros que nessa terra abençoada desembarcaram.E não foram poucos.Porto Alegre viu chegar ônibus e mais ônibus cheios desses esperançosos e apaixonados torcedores.Sofreram preconceitos, agressões (verbais e físicas) foram desmoralizados do início ao fim, mas estavam de corações inteiros, com fé e esperança no Timão que os unia.

Porto Alegre ficou calada na hora do jogo; Sacis e Mosqueteiros se uniram para catimbar o gavião que chegava sem muitas penas e com os olhos furados.A Tv local transmitia Inter e Goiás.Não consegui olhar...assim como não consegui me juntar aos Mosqueteiros que lotavam os bares e cafés, assistindo a transmissão de Sampa.Não havia onde se apoiar, não havia a quem recorrer.Sofri calada, sozinha, distante das informações e dos gritos.
Soube do resultado numa esquina qualquer da Cidade Baixa.Precisei comer ao lado de muitos gremistas e colorados felizes.A comida queimando a garganta ao ouvir os comentários maldosos...
Quis o destino que meu amado Corinthians caísse bem aqui, no quintal de minha casa, ao alcance dos meus braços.Se o jogo tivesse sido em Sampa, talvez não machucasse tanto...ou não...mais uma vez o destino uniu São Paulo e Porto Alegre, e a despedida novamente foi triste...

Dessa vez o dragão era muito grande, né São Jorge?Não dava para acabar com tudo em um único jogo.Talvez a vitória somente jogasse a sujeira mais uma vez para baixo do tapete. É, talvez tenha sido melhor assim: arrancar sem dó toda a casca de uma ferida que não estava cicatrizando de verdade, para que uma nova pele, um novo ser apareça.
Mas como dói meu São Jorge!!
Mais do que perder, mais do que rebaixado, como dói saber que o maior desejo dos outros era te ver caindo...não doeu o gol adversário, não doeu o apito final...doeu sim ouvir a torcida de mosqueteiros (que conhecem melhor do que ninguém a dor do rebaixamento) gritar “segunda divisão” para aqueles infelizes que viajaram 18 horas e terminaram o jogo humilhados e soluçando como crianças, cobrindo seus rostos com as camisas do time do coração.
Não adiantou reza brava, dezenas de ônibus nem trazer a bateria da Gaviões...nada adiantou...
E o que era uma brincadeira de crianças, uma guerra ente mocinhos e bandidos, virou uma luta entre grandes investidores, entre parceiras nebulosas..e a torcida, que ama, que chora, que luta que merece ser feliz, essa ficou de escanteio, derrubando suas lágrimas no Guaíba.
Aquele, que ainda está salgado...

02 dezembro, 2007

É uma partida de futebol

Bem. As pessoas que convivem comigo mais de perto, sabem que sou Sãopaulina. Mais, sabem que sou aquela Sãopaulina típica: que só aparece quando o time ganha, que não acompanha jogo, que não sabe nem mesmo qual a escalação atual do time para o qual diz torcer. Alguém para quem a imagem do próprio clube se resume a estrelas do passado remoto ou recente, que conseguiram fama razoável, mais pela própria trajetória do que até por terem usado a camisa tricolor - Raí, Zetti, Kaká. Alguém que jamais poderia estar, inclusive, comentando futebol por aqui.

Porém, mesmo com esse perfil torcedor altamente recriminável, devo dizer que acompanhei com certo interesse a saga alvinegra deste domingo. Em parte pelas conversas das amigas e amigos corinthianos sofredores, em parte porque minha vizinhança não me deixaria, de qualquer forma, ignorar o jogo de hoje; em parte porque o opositor era o Grêmio, ou seja, assunto garantido para esse blog. E em parte porque minha porção pentelha não me permitiu ignorar o fato de o Corinthians estar à beira do rebaixamento, rs.

Mas tudo bem, apesar das rixas imemoriais - e irracionais, é bom frisar - devo dizer que me compadeci ao ver a cara de armaggedon dos torcedores alvinegros quando o juiz apitou final de jogo. Por um momento, imaginei o sofrimento daqueles para quem um time de futebol é a maior fonte de alegria, orgulho, sonho e tudo o mais, presenciando um triste espetáculo como esse. Em nome do fair play, amigos, sinto muito. Coloco-me por um segundo no lugar de vocês. De verdade.

Mas, vocês vão me desculpar... ainda tricolor, me permito aqui fazer uma homenagem ao Grêmio. Afinal, tem seu mérito um time que consegue colocar o Timão na segundona. E desejo que ele, o alvinegro, possa tirar ensinamentos para voltar ainda mais forte daqui a algum tempo, pois isso será bom para toda a torcida e para todo o futebol brasileiro. E que o Grêmio receba as homenagens por ter chegado bem até aqui.

E para terminar, uma piadinha hermética, mas que eu não poderia deixar de citar aos meus amigos gaudérios!

ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ... SÃO PAAAAAAAULO!!!!!

Hahahahahaha!
Beijos!

Da paulista tricolor