02 maio, 2011

O último post

Quando nos lançamos a uma aventura, um sonho, não sabemos exatamente como se dará, quais serão suas cores ou contornos, apenas esperamos que seja belo, imenso e repleto de alegrias e realizações.
Assim foi também comigo, Taís, o “chimarrão” da dupla paulista que aqui escreve e que decidiu, há sete anos, morar em Porto Alegre e viver o sonho de um amor e da criação de uma nova vida em um estado não tão conhecido, sem grandes amigos ou fortes aproximações culturais.
Segundo os estudiosos, sete é um número mágico. Pitágoras o chamava de “sagrado, perfeito e poderoso”; não por menos: sete foram os dias da criação, sete cores compõem o arco-íris, são sete os pecados capitais e sete as virtudes humanas...temos sete glândulas endócrinas em nosso corpo, assim como sete chacras...dançamos ouvindo composições com sete notas musicais e sonhamos em viajar os sete mares...
Mágico também foi o sete em minha vida. O número que marca a passagem do “conhecido ao desconhecido” marca também o meu retorno a São Paulo, sete anos após decidir viver esta minha grandiosa vida em terras gaúchas.
E hoje, somando as coisas boas e não tão boas, relembrando as conquistas, os medos vencidos, as pessoas que conheci, os amigos que ganhei e os lugares que visitei vejo que consegui fazer valer cada dia que passei por estes pagos.
Tive a sorte de poder viajar todo estado, conhecer muitos municípios e pessoas com costumes e sotaques diferentes... de Bagé, ao Sul, passando por Itaqui, Horizontina, Santa Maria, Gramado, Caxias, Bento Gonçalves, Giruá até chegar a Santa Rosa...e tantos outros belíssimos lugares que não conseguirei citar aqui, mas que foram compartilhados em diversos momentos neste mesmo blog.
O Rio Grande do Sul me ensinou a sentir, fundo no peito, o poder do “Pampa sem fim”...de olhar o horizonte, com gados, árvores, ruínas, videiras ou girassóis ou simplesmente o horizonte com o mais bonito Pôr do Sol do mundo: o Guaíba e sentir o “frio no espinhaço”, o aperto no peito e a lágrima (saudade do Rio Grande, sempre!)...coisas que só vivendo aqui para entender...
Sete anos se passaram e volto para a terra da garoa com uma mala repleta de VIDA. Muito mais madura, enriquecida, sábia e repleta de boas histórias e bons amigos que nunca deixarão que essas palavras ou que todo o sentimento criado nesse tempo se desfaça. Toda essa bagagem eu devo a vocês. O crescimento só se dá em comunhão, então sou verdadeiramente grata a cada um de vocês.
Aqui termino minha participação no Pastel com Chimarrão, com um grande agradecimento ao Povo do Rio Grande, em especial aos meus amigos de Porto. E não se esqueçam: como diz o Anonymus Gourrmet: “Voltaremos” ;)

Por: Taís Coppini

Sete vidas
Marcus Viana

Sete estrelas presas no giro
Da roda do céu
Sete flores dançam no pampa
No sul do Brasil
Sete mãos de fadas destrançam
Intrincados nós
Sete cruzes
Sete rosários
Velando por nós

Se a vida é uma longa espera
Então ensina-me a te esperar
Se a vida é breve primavera
Deixe-nos dela beber e já...

Sete rosas rubras de fogo
Amor e paixão
Sete velas luzem por nós
Na escuridão
Sete vidas tecendo tempo
De quem anda só
Sete cartas
Sete destinos
Se fundem num só

Sete rosas rubras de fogo (sete rosas rubras de fogo)
Amor e paixão
Sete velas luzem por nós (sete velas luzem por nós)
Na escuridão
Sete vidas tecendo tempo (sete vidas tecendo tempo)
De quem anda só
Sete cartas (sete cartas)
Sete destinos (sete destinos)
Se fundem num só

Vida...
Longa espera...
Breve Primavera...

Sete vidas tecendo o tempo
Amor e paixão...

Foto:http://biolirios.wordpress.com/2008/03/

25 janeiro, 2009

SP, para enamorados

a
Sampa também tem luar :)

Estou de volta à minha cidade, São Paulo, depois de uma movimentada e educativa temporada em Porto Alegre. Como diria o poeta Fernando Pessoa, é difícil dizer o quanto isso me alegra e o quanto me basta. Em meio às incertezas, a todas as idas e vindas, é bom reconhecer as ruas, andar de novo pelo universo que me é tão caro. Nessa volta, assim como a cada visita que fiz enquanto estive fora, reafirmo meu amor por essa cidade. Ela é dura, injusta, louca e costuma abismar os olhos estrangeiros. Tem problemas que, para muitos, caminham para o insolúvel. A carência de planejamento urbano e social salta aos olhos diariamente, testando a paciência e a persistência de todos. Tudo isso é verdade em cada centímetro da cidade. Mas, para aqueles que a chamam de casa, São Paulo é mais do que a dificuldade no trânsito, do que as enchentes que a castigam, do que os desafios a serem vencidos. Reconhecê-la como lar traz a sensação de muito trabalho a ser feito, mas também de horizontes infinitos a desvendar. Quem vive e ama essa terra sabe que poucos lugares do mundo oferecem espaço para o olhar como essa cidade. Porém, para gostar dela, é preciso perceber a parte que nos cabe deste latifúndio. É preciso entendê-la, ouvir a voz que sussurra em meio às buzinas, às vozes, aos prédios altos que tapam o luar de vez em quando. É preciso decifrar as histórias do seu passado, da sua identidade que continua abaixo de nós como berço, em cada esquina.

Para entender e aceitar São Paulo, é preciso reconhecê-la. Atentar à sua mensagem de amplidão que nos grita por entre o concreto, dizendo que, se a decifrarmos, poderemos ser o que quisermos. E depois de entender a alma da cidade, depois de mergulhar nela, o olhar dificilmente conseguirá se acostumar com horizontes menores do que este. Ainda que em cenários opostos, diferentes e até mais gritantemente belos, ela nos acompanhará. Nossa compreensão continuará gigantesca, como os muitos rostos, estilos e mentes que a povoam. Como já disse outro pensador, você pode até tirar um paulistano de São Paulo, mas não tirará São Paulo de um paulistano.

E, para homenagear meu eterno amor em seu aniversário, quero fazer um mergulho nas coisas simples do dia-a-dia, que fazem a minha São Paulo. Listo aqui, como boas recomendações para quem quer desvendá-la, algumas (porque sei que ainda vou lembrar de muitas outras...) das minhas ocupações preferidas na Paulicéia – e outros desejos e passeios paulistanos que ainda tenho vontade de realizar. Tudo bem, tenho tempo. Ela, como sempre, está esperando de braços abertos. :)

Coisas que adoro fazer...

- Passear na Feira de antiguidades da Paulista aos domingos, constatando que os baús das nossas avós dariam pra abastecer ótimas barracas por ali.
- Aproveitar para ver alguma exposição bem boa no MASP e terminar a tarde com um choppinho no Opção.
- Andar sem pressa pela mesma Paulista, desvendando seus tesouros históricos e artísticos - e aproveitando pra dar uma voltinha no Parque Trianon.
- Sofrer ao querer comprar tudo na feirinha dos finais de semana no Center 3.
- Almoçar na Liberdade e depois conferir a também famosa feirinha no sábado ou domingo à tarde, aproveitando para conhecer a arquitetura do bairro – que vai muito além das charmosas lanternas nos postes de iluminação.
- Dar risada tomando chocolate quente com amigos na folclórica Cepê.
- Ver as novidades malucas da Benedito Calixto (ainda vou mobiliar minha casa com as coisas de lá!) e descobrir o artesanato cuidadoso dos artistas da Praça da República.
- Deixar o espírito voar diante da paisagem vista de cima da Comedoria do SESC – acompanhada do infalível capuccino e do pão de café com chocolate.
- Ficar tonta sem saber pra onde ir em noites e dias de Virada Cultural.
- Caminhar e sentar à sombra das árvores do Parque da Água Branca, e festejar o clima do lugar em dias de Revelando São Paulo.
- Acompanhar as ótimas atrações do Auditório Ibirapuera – e aproveitar para achar lindas, de novo, as curvas e retas do projeto de Niemeyer (Vai! rs).
- “Fazer a feira” com os achados da Zépa, aproveitando pra passar pela Estação da Luz.
- Engordar feliz com as maravilhas gastronômicas, e encher os olhos com as danças e o artesanato da Festa do Imigrante – aproveitando para conhecer o museu e achar alguns antepassados por lá.
- Olhar a lua cheia, linda em noites limpas, por entre os prédios da cidade.
- Ver o sol se abrindo em domingos de calor.
- Sentir a brisa perene que não nos deixa derreter no verão.

Coisas que já fiz e quero repetir...

- Visitar o Museu do Ipiranga e descobrir as lendas que se escondem entre os céus e a terra do lugar.
- Ir ao Instituto Butantã e à Estação Ciência.
- Me emocionar com uma missa em canto gregoriano no Mosteiro de São Bento.
- Voltar ao Pateo do Collegio.
- Acompanhar a programação do Museu da Língua Portuguesa.
- Assistir a uma ópera no Teatro Municipal.
- Comer muita pasta na Festa da Achiropita do Bixiga. Ou uma bela pizza em alguma das ótimas cantinas do bairro. Ma che!
- Admirar as ninféias do Jardim Botânico, pedaço de paz no meio da cidade.
- Aproveitar um sabadão ou domingão para prestigiar os belos vizinhos: as construções históricas de Paranapiacaba, a festa alegre dos finais de semana em Embu das Artes e, claro, a aposta de pegar um pouco de sol (com ou sem engarrafamento) no litoral!

Coisas que ainda não fiz (que vergonha!)

- Visitar a Pinacoteca do Estado.
- Conhecer a Sala São Paulo, se possível ouvindo uma bela sinfonia.
- Participar de uma visita guiada à Catedral da Sé, emendando com outra ao Centro Histórico de São Paulo – ambos já visitados e apreciados com o simples olhar de curiosa.
- Visitar o Museu de Arqueologia da USP.
- Visitar o Museu de Arte Sacra.
- Conhecer o Solo Sagrado.
- Participar das comemorações do Ano Novo Chinês (acabaram de acontecer!).
- Conhecer (e almoçar) no Mercado Municipal.

Quem quiser me acompanhar, está convidado. Boa Sampa para todos! :)

20 outubro, 2008

Eu demorei


Sinto até um frio na barriga em escrever aqui depois de tanto tempo. Há um semestre (my God) estou ensaiando articular aqui uma resposta ao lindo texto abaixo, escrito pela mana Taís em homenagem à minha mudança. A verdade é que, apesar de pensar nisso a todo momento, eu simplesmente não tinha idéia de como começar. O processo todo me deixou muda para impressões mais demoradas: foram muitas informações ao mesmo tempo, muitas mudanças, muitos recomeços. E para passar por eles, usei o truque de esquecê-los por um momento, de não ressaltar tanto o deslocamento geográfico. Mudar de bairro é mais fácil do que mudar de cidade, estado e região do país. E, enquanto eu não me adaptava ao novo "bairro", a solução foi pensar o menos possível no impacto que a mudança implicava. Continuo saindo para trabalhar todos os dias, continuo ligando para casa - a casa da minha adolescência - periodicamente, continuo trocando emails com as mesmas pessoas queridas (ainda bem) do início do ano. Os 1500 kilômetros que separam minha rotina da do semestre anterior são detalhe nesse mundo internético e globalizado.

Mentira, é claro. Uma mentirinha encenatória pra aliviar o receio de um imenso passo a ser dado. Mas o fato é que pensar assim tornou tudo mais fácil. Representando um pequeno teatrinho interior, eu consegui enfrentar a imensa realidade de abrir horizontes mais uma vez. Como quando, há doze anos, as vistas se alargaram assustadoramente diante da selva de concreto que invadiu minhas frágeis impressões adolescentes, e que me ensinou a ser gente de verdade. Como quando revi tudo que (não) sabia sobre a vida e reconquistei, a meu modo, a casa que um dia já tinha sido minha. São Paulo - roubando a frase de uma querida amiga, também vivendo longe das plagas paulistas - é meu latifúndio, minha terra-mãe e minha referência maior. Dar as costas para tal mar não é fácil, por mais fortes que sejam os instintos que te movam. Por mais que você saiba que a hora é aquela. Por mais belo e cheio de mistérios que seja o novo horizonte que se vislumbra.
*
E ele é mui belo, realmente. De uma beleza diferente, que meu olhar de moradora compara ao antigo olhar de visitante, tentando entender novos contextos. Uma vivência mais afastada dos estereótipos de antes, e mais aberta para a beleza verdadeira que faz um lugar - e que também é composta de suas incoerências, defeitos e carências. Durante esses seis meses em que já aqui estou, tive vontade de escrever sobre muitas coisas. Sobre coisas que tenho visto e aprendido, e também sobre coisas que me fazem lembrar, comparar, sentir saudades. Sobre o amor que sinto reforçado por esse imenso Brasil, de tão diferentes e fortes cores. Sobre aquilo que nos faz ser maiores como pessoas, e sobre aquilo que forma nossa identidade, que nos faz voltar pra casa ao sentir um cheiro, ver uma imagem.
*
Acho que, depois de tudo (ou no início de tudo), posso relembrar algumas coisas que redescobri. Redescobri a camaradagem, a amizade e a acolhida. Redescobri como é bom saber que as presenças queridas independem de tempo ou lugar. Redescobri como é amar a família que a gente escolhe. Redescobri como é ser forasteira, ser recebida ao invés de receber. Redescobri como é me perder, traçar novas rotas, e agradecer a boa-vontade de quem está ao lado. Reaprendi a respeitar a história e herança alheias.
*
Hoje, depois de conhecer mais uma vez novas histórias e heranças, posso dizer que me orgulho ainda mais por fazer parte também de uma história comum, que tenho alegria em compartilhar, ainda que aos poucos, com os que me rodeiam. Me sinto feliz em ampliar mais uma vez o tamanho da minha alma, provando novas maneiras de ver, sentir e viver. Não há beleza que se compare a conhecer um lugar e sua gente por dentro, por dentro da vida que os move. É a beleza assustadora que senti há doze anos, e que tanto me fez crescer, descobrindo mais sobre mim e meu próprio passado. Beleza que senti também em outras ocasiões, visitando passados milenares de outros viajantes dessa aventura gigante que compartilhamos.
*
E agora, mais uma vez, trilho um pouco do meu próprio presente e futuro conhecendo outras belezas. Bonito é partir, e mais bonito ainda levar tudo que amamos com a gente. E descobrir novos amores, belezas e horizontes, sabendo que, assim, basta um piscar de olhos, ou um ollhar para o lado, para se voltar pra casa.
*
A foto acima foi roubada do orkut do querido amigo Lu, que com olhos de poeta sintetizou aquilo que todo paulistano deseja: ver sua cidade livre, leve e solta, debaixo de um céu de brigadeiro. :)

30 abril, 2008

Carta de uma pauliúcha para a mais nova Prenda do Rio Grande

Quando mudei para Porto Alegre, quatro anos atrás, sentia muita necessidade de contar o que estava vivendo, sentindo e aprendendo.Comecei então a escrever e-mails gigantescos para os amigos, falando das belezas, descobertas e aventuras por este Pampa sem fim.
A vontade de falar sobre o Rio Grande cresceu e juntamente com a saudade que eu tinha de Sampa Jú e eu decidimos criar este espaço virtual interestadua.Para unir amigas que viviam em estados diferentes.
O Rio Grande me acolheu de braços abertos (assim como meu gaúcho!).Aos poucos fui criando raízes, fazendo amizades, descobrindo cantinhos que amo e lugares que não quero mais voltar.
Meu amor por este povo e por esta terra cresceu (e ainda cresce) a cada dia.Chamados de “bairristas” por amarem e defenderem suas terras e histórias os gaúchos tem muitos ensinamentos e exemplos a serem seguidos como o amor pela cultura gaudéria, expressa por exemplo no churrasco, nas danças no CTG, o chimarrão faça chuva ou sol; a dedicação e força nas lutas (Revolução Farroupilha, Fórum Social, destruição do relógio da Globo) e o romantismo ímpar que só pode existir naqueles que tem um Pampa para se olhar...
Dificuldades?Sim, existem muitas.Pontos a melhorar? Também...mas perceber a alegria e o orgulho dessas pessoas em receber mais uma pessoa para fazer parte desse povo compensa essa imperfeição.
Desejo que sua acolhida, cara irmã, seja tão maravilhosa como a minha.Que o Guaíba te receba de braços abertos, o Minuano acaricie seus cabelos, que o mais belo pôr do sol do mundo encha seus olhos e –é claro- que seu gaúcho aqueça seu coração sempre ;)

Abaixo, listei algumas coisas que fui descobrindo ao longo desses 4 anos por aqui.A lista é enorme, mas o momento permite.Certamente muitas ficaram de fora, mas para completar a listagem conto com a ajuda dos gaúchos e gaúchas que acessam este blog...

Em Porto Alegre (e no Rio Grande do Sul) Juliana descobrirá que...

- Vai precisar passar na casa de câmbio e trocar seus "conto" por "pilas;
-Ler em um cartaz “Temos cacetinho novo” quer dizer apenas (e nada mais) que o pão francês acabou de sair do forno;
-A rede Globo é sintonizada no canal 12 e o SBT no 5;
-Gaúcho “olha” filme, “olha” novela;
-Ouvir “eu me acordei” ou “eu me operei” não significa que os gaúchos desenvolveram a capacidade de se auto acordar ou auto operar...quer dizer apenas que acordaram ou passaram por uma cirurgia;
-Vianda = Quentinha;
-A lá Minuta = PF;
-Torrada = Misto quente;
-Lanche = ato de lanchar e não um sanduba qualquer (para dizer sanduba use sanduíche);
-Levar uma mijada não é ser atacada por urina voadora.Quer dizer apenas que você levou uma bronca (as variações são “ótemas”: Saímos todos molhados de mijo daquela reunião...);
-Deixar “cair os butiás do bolso” é ficar chocada (ou pretérita) com alguma situação;
-“Bem Capaz!” é tão usual quanto o Bah e não quer dizer que a pessoa não acreditou em você, é justamente uma forma de reforçar sua fala;
-O “Bah” possui 895.598.325.6985.25478.698.963.369.258.852.14.740 flexões;
-“Balada tri a fú” é uma balada muito show;
-Carregar os “mijados” de um lugar para o outro é levar as trouxas, as malas, os pertences;
-A música crucial, que simboliza o fim do domingo e a proximidade da sagundona não é mais a trilha do Fantástico, mas a abertura do Tele-Domingo;
-Os filmes que “dão” na “Tv Ulbra” são muito bons;
-“Histórias Curtas” é "bem bom";
-Que dá tempo ir para casa, largar “os mijados”, tomar banho, trocar de roupa e só depois ir para o happy hour (não balada!) tudo isso antes das 20h;
-O SPTv não existe aqui, nem o Márcio Canuto.No lugar “dá”o jornal do almoço e o RBS Notícias, com as “notícias do Rio Grande” no mais belo sotaque gaúcho;
-Ir ao “Super” para fazer “Rancho” é ir ao mercado para as compras do mês;
-Cachorro de rua chama cusco;
-"Tá, deu pra ti" é uma ótima forma de teminar uma frase, um dia ou tarefa;
-“Farol” é “Sinaleira” e fica junto à faixa de pedestres e não do outro lado da rua como em Sampa (não sei se deu para entender..precisa tentar atravessar para compreender!);
-Fatalmente você sofrerá um “ataque das lajotas assassinas e soltas” do centro de POA;
-No mesmo tempo que você gastava da sua casa no Jaba até a Vila Olímpia tu chegas em Gramado e...bem...TU CHEGAS EM GRAMADO..CERTO??!!;
-Escolher entre azul e vermelho pode ser perigoso;
-Nem todos gostam do dia de Passe livre.
-O Hino do Rio Grande do Sul é cantado em TODOS os eventos independente do tamanho, local ou razão.As vezes pode acontecer de cantarem apenas o Rio Grandense e deixarem o nacional de lado..aliás, permitam-me uma correção...o nacional passa a ser o Hino Rio Grandense, compreendem?;
-Poemas no ônibus é tudo de bom;
-O esquilo do Záffari até que é simpático;
-A cultura transborda pelos bares, barzinhos e demais lugares alternativos da cidade;
-O Nenhum de Nós vive fazendo show de graça;
-Brique é BEM mais bonito SÁBADO que domingo;
-Céu azul, sem nuvens não quer dizer temperatura acima de 10 ºC;
-A sobremesa já está inclusa no valor do buffet;
-Sagú, ambrosia e torta de bolhacha não falta nos restaurantes;
-Ruas: Voluntários da Pátria, Pinto Bandeira e Vigário José Inácio = 25 de Março;
-Carne não é acompanhamento;
-No HPS você não fica mais de 30 minutos para ser atendida e a triagem é feita por faixas coloridas no chão;
-O hospital aqui é “de” Clínicas e não “das” Clínicas;
-A pobreza fica "estratégicamente" localizada;
-Feira livre não tem pastel (um absurdo);
-“Patrola” faz mais sucesso com a gurizada do que Luciano Huck;
-Motoristas e cobradores dizem "Bom dia" e agradecem o pagamento;
-Vai entender por que quase todo Porto alegrense odeia o muro da Mauá;
-Esperar por Setembro, até a Feira do Livro é a coisa mais inteligente a se fazer;
-Ficar “atucanada” ou “tri atucanada” é o mesmo que ficar noiada, ou super noiada;
-“Dar uma rateada” é fazer algo errado, pisar na bola;
-Que “bah, pior” quer dizer “puts, é verdade”;
-“Não dá nada” é o mesmo que não te preocupa;
- Marronzinho aqui é Azulzinho;
-Aqui eles comem “bergamota” ou “berga” para os íntimos e não mexerica;
-Que “frio de renguear cusco” é um frio “a fuder”;
-Que o melhor cobertor de orelha é gaúcho;)
Enfim, vai descobrir que o povo gaúcho tem muito a ensinar, afinal como diz no Hino:
“Sirvam nossas façanhas de modelo à toda Terra”.
Seja Bem Vinda!

20 março, 2008

Recado para você Jú!

Os amigos aí de cima estão com saudades e aguardam sua próxima visita ao Mercado Público de Porto Alegre ;)
Por: gauchita

28 fevereiro, 2008

Na terra dos Manezinhos (ou quase)


No mais recente Carnaval, cheguei um pouco mais perto de um feito para cuja realização venho acumulando tentativas já há alguns anos: voltar a Floripa, a Ilha da Magia. Estive lá há muito tempo, quando tinha dez anos de idade (não vou dizer quantas décadas faz isso!!), e pouco me lembro da região, o que é realmente uma pena. O esquecimento infantil e involuntário só tem aumentado minha curiosidade, desde então, por voltar à ilha, sempre que ouço histórias sobre a beleza e as surpresas do lugar.
Pois bem, nesse feriado carnavalesco, de novo, achei que iria concretizar o tão esperado retorno. Algumas idas e vindas pelo meio do caminho, no entanto, fizeram valer a tradição: na última hora, meu destino mudou, embora dessa vez para paragens muito próximas do objetivo original. Fomos a Bombas, praia que fica quase ali ao lado, num passeio que valeu também muito à pena. Bombas e sua vizinha Bombinhas fizeram com que o feriado passasse muito mais rápido do que desejássemos. A cor azul-esverdeada do mar, as ruas simpáticas e o vento da praia tornaram duas vezes mais difícil a volta para a Paulicéia.

Bem, mas para além da beleza do lugar, não poderia deixar de registrar algumas coisas pitorescas que me chamaram a atenção. :) A primeira, sobre a qual já tinham me advertido, foi para não me frustrar por não ter ido a Floripa, já que, pelo visto, é fenômeno recorrente a todas as praias ali: a enorme, incrível, onipresente presença (merece a redundância, pois é grande mesmo, rs) de argentinos, portenhos e afins no litoral catarinense. A ponto de muitas das placas e até mesmo as faixas dos camelôs na praia serem escritas em duas línguas. A ponto de, na pousada, a nossa mesa ser a única, entre os hóspedes, em que a conversa era falada em português. Impressionante a predileção dos hermanos pelas praias de SC. Em certos momentos, cheguei a me perguntar se estaria realmente no Brasil, rs.

E a segunda coisa que me chamou a atenção é – pronto! – a também onipresença dos gaúchos naquelas paragens. Pelo que entendi, em temporadas, SC é invadida por gente vinda do sul e do oeste, de dentro e fora do país. Andando na rua, mais de uma vez nos deparamos com prédios de apartamentos com a bandeira do RS orgulhosamente estirada nas janelas. Num passeio de veleiro que fizemos, o monitor perguntou: “existe alguém do Paraná aqui?” Nada. “Existe alguém de São Paulo?” Incrivelmente, só eu (nesse momento me perguntei para onde foi todo aquele povo que me fez amargar 12 horas de trânsito na estrada até ali). E quando ele perguntou “Alguém do Rio Grande do Sul?”, o veleiro INTEIRO se pôs a cantar: “Ouve o canto Gauchesco e brasileiro, desta terra que eu amei desde guri”...

Pois é. Já fui chamada de bairrista algumas vezes pelo modo como falo da minha terra natal. Talvez eu seja mesmo, um pouco mais ou um pouco menos, como todo paulista. O bairrismo paulistano se mostra de forma menos ostensiva do que o gaúcho (aliás, existe algum povo mais ostensivamente bairrista do que o gaúcho? Digo isso em tom de observação, não de crítica, que fique claro, hehe). Mas somos bairristas à nossa maneira quando acreditamos, por exemplo, que paulistano não tem sotaque; que, para fora de São Paulo, o mundo se divide não em cidades, mas em dois ambientes denominados “campo” ou “praia”; que, apesar de todas as mazelas, não há lugar melhor para se prosperar e viver bem do que a terrinha da (ex-)garoa. Esses são alguns exemplos, exagerados porém reais, de manifestações bairristas que já presenciei por aqui.
Não me considero cultivadora de nenhuma delas, mas devo dizer que, nesta viagem, estranhei mesmo, um pouco, a ausência paulista na vizinhança. Não por sentir falta, propriamente. Mas porque, viajando pelas praias por perto de SP, é comum encontrarmos hordas de paulistanos tentando aproveitar os feriados em meio a uma multidão similar à dos engarrafamentos diários na capital.
Ao ver praias de outro estado tomadas por caravanas de pessoas que não eram daquele local de origem, mas que imprimiam uma marca tão sua ao lugar, me pergunto o que, naqueles dias, seria feito dos catarinenses. Deviam estar um tanto acuados, talvez, como ficam os nossos caiçaras daqui, ao ver suas terras invadidas por gente de fora, tentando emprestar um pouco dos ares marítimos que eles vivenciam em tempo integral. Ou talvez estivessem felizes, aproveitando o movimento para aquecer a economia.
De qualquer forma, com ou sem "estrangeiros" (afinal eu também fui uma), o passeio foi lindíssimo e de renovar a alma. Impressionamente como o sul oferece, na verdade, inúmeras (e inesperadas) chances de comunhão com a natureza e interação cultural. Pra nenhum bairrista ou cosmopolita botar defeito. :)
Por Paulista, já quase bi-cidadã :)

01 fevereiro, 2008

Feriadão típico


Vida de gaúcho é assim mesmo.
Passa a semana toda pensando no feriadão
Em Santa.
Imagina as praias que vai visitar
Em Santa.
Prepara a mala, com roupas para o carnaval que vai curtir
Em Santa.
Daí chega o final de semana, entra na previsão do tempo e descobre que vai chover
Em Santa.
Que beleza!!!
Por gauchita

11 dezembro, 2007

Pai Nosso Gaúcho

"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito santo e com licença, Patrão Celestial.
Vou chegando, enquanto cevo o amargo das minhas confidências, porque, ao romper da madrugada e a descambar do sol, preciso campear por outras invernadas e repontar do Céu a força e a coragem para o entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca e rebenque e esporas, não se afirma nos arreios da vida, se não se estriba na proteção do céu.
Ouve, Patrão Celeste, a oração que Te faço, ao romper da madrugada e ao descambar do sol. Tomara que todo mundo seja como irmão!
Ajude-me a perdoar as afrontas e a não fazer aos outros o que não quero para mim.
Perdoa-me, Senhor, porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer, eu me sólto porteira-a-fora... Êta, potrilho chucro, renegado e caborteiro...
Mas, eu Te garanto, meu Senhor, quero sem bom e direito.
Ajude-me, Virgem Maria, primeira prenda do Céu.
Socorre-me, São Pedro, capataz da Estância Gaúcha.
Prá fim de conversa, vou Te dizer, meu Deus, mas somente prá Ti:
que Tua vontade leve a minha de cabresto prá todo o sempre e até a Querência do Céu,
AMÉM."

Colaboração: Lú Rezende

04 dezembro, 2007

Valei-me meu São Jorge

Desculpem o desaparecimento desse espaço queridos (as), é que a dor é tamanha que meus dedos simplesmente se negavam a escrever.
Ainda é possível sentir o nó na garganta e a profunda dor no peito.Esse sapo caros amigos, será difícil de engolir.
O fato é que esta semana o Guaíba está salgado.Não pelo choro desta torcedora que vos escreve, mas pelas lágrimas de todos os torcedores alvinegros que nessa terra abençoada desembarcaram.E não foram poucos.Porto Alegre viu chegar ônibus e mais ônibus cheios desses esperançosos e apaixonados torcedores.Sofreram preconceitos, agressões (verbais e físicas) foram desmoralizados do início ao fim, mas estavam de corações inteiros, com fé e esperança no Timão que os unia.

Porto Alegre ficou calada na hora do jogo; Sacis e Mosqueteiros se uniram para catimbar o gavião que chegava sem muitas penas e com os olhos furados.A Tv local transmitia Inter e Goiás.Não consegui olhar...assim como não consegui me juntar aos Mosqueteiros que lotavam os bares e cafés, assistindo a transmissão de Sampa.Não havia onde se apoiar, não havia a quem recorrer.Sofri calada, sozinha, distante das informações e dos gritos.
Soube do resultado numa esquina qualquer da Cidade Baixa.Precisei comer ao lado de muitos gremistas e colorados felizes.A comida queimando a garganta ao ouvir os comentários maldosos...
Quis o destino que meu amado Corinthians caísse bem aqui, no quintal de minha casa, ao alcance dos meus braços.Se o jogo tivesse sido em Sampa, talvez não machucasse tanto...ou não...mais uma vez o destino uniu São Paulo e Porto Alegre, e a despedida novamente foi triste...

Dessa vez o dragão era muito grande, né São Jorge?Não dava para acabar com tudo em um único jogo.Talvez a vitória somente jogasse a sujeira mais uma vez para baixo do tapete. É, talvez tenha sido melhor assim: arrancar sem dó toda a casca de uma ferida que não estava cicatrizando de verdade, para que uma nova pele, um novo ser apareça.
Mas como dói meu São Jorge!!
Mais do que perder, mais do que rebaixado, como dói saber que o maior desejo dos outros era te ver caindo...não doeu o gol adversário, não doeu o apito final...doeu sim ouvir a torcida de mosqueteiros (que conhecem melhor do que ninguém a dor do rebaixamento) gritar “segunda divisão” para aqueles infelizes que viajaram 18 horas e terminaram o jogo humilhados e soluçando como crianças, cobrindo seus rostos com as camisas do time do coração.
Não adiantou reza brava, dezenas de ônibus nem trazer a bateria da Gaviões...nada adiantou...
E o que era uma brincadeira de crianças, uma guerra ente mocinhos e bandidos, virou uma luta entre grandes investidores, entre parceiras nebulosas..e a torcida, que ama, que chora, que luta que merece ser feliz, essa ficou de escanteio, derrubando suas lágrimas no Guaíba.
Aquele, que ainda está salgado...

02 dezembro, 2007

É uma partida de futebol

Bem. As pessoas que convivem comigo mais de perto, sabem que sou Sãopaulina. Mais, sabem que sou aquela Sãopaulina típica: que só aparece quando o time ganha, que não acompanha jogo, que não sabe nem mesmo qual a escalação atual do time para o qual diz torcer. Alguém para quem a imagem do próprio clube se resume a estrelas do passado remoto ou recente, que conseguiram fama razoável, mais pela própria trajetória do que até por terem usado a camisa tricolor - Raí, Zetti, Kaká. Alguém que jamais poderia estar, inclusive, comentando futebol por aqui.

Porém, mesmo com esse perfil torcedor altamente recriminável, devo dizer que acompanhei com certo interesse a saga alvinegra deste domingo. Em parte pelas conversas das amigas e amigos corinthianos sofredores, em parte porque minha vizinhança não me deixaria, de qualquer forma, ignorar o jogo de hoje; em parte porque o opositor era o Grêmio, ou seja, assunto garantido para esse blog. E em parte porque minha porção pentelha não me permitiu ignorar o fato de o Corinthians estar à beira do rebaixamento, rs.

Mas tudo bem, apesar das rixas imemoriais - e irracionais, é bom frisar - devo dizer que me compadeci ao ver a cara de armaggedon dos torcedores alvinegros quando o juiz apitou final de jogo. Por um momento, imaginei o sofrimento daqueles para quem um time de futebol é a maior fonte de alegria, orgulho, sonho e tudo o mais, presenciando um triste espetáculo como esse. Em nome do fair play, amigos, sinto muito. Coloco-me por um segundo no lugar de vocês. De verdade.

Mas, vocês vão me desculpar... ainda tricolor, me permito aqui fazer uma homenagem ao Grêmio. Afinal, tem seu mérito um time que consegue colocar o Timão na segundona. E desejo que ele, o alvinegro, possa tirar ensinamentos para voltar ainda mais forte daqui a algum tempo, pois isso será bom para toda a torcida e para todo o futebol brasileiro. E que o Grêmio receba as homenagens por ter chegado bem até aqui.

E para terminar, uma piadinha hermética, mas que eu não poderia deixar de citar aos meus amigos gaudérios!

ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ... SÃO PAAAAAAAULO!!!!!

Hahahahahaha!
Beijos!

Da paulista tricolor