19 julho, 2007

Luto Interestadual

Dizem que gaúcho não chora.Se por acaso alguma lágrima escorrer no rosto de um gaúcho é saudade do RioGrande.
Dizem que São Paulo é a terra da garoa. Terra cinza, com moradores frios e calculistas, que só se preocupam com o trabalho e lucro.
Mas as imagens que vi nesses últimos dias fazem cair por terra esses ditos populares.Não é só a saudade que amolece o coração do gaúcho e o choro manso, engasgado e sem fim fica tão parecido com aquela garoa densa, triste e paralisa qualquer paulista apressado e trabalhador.
Esta semana as cinzas de mais um acidente em São Paulo estreitou com sangue a ponte aérea Salgado Filho/Congonhas e este blog que surgiu da idéia de duas amigas separadas pela distância entre Porto Alegre e São Paulo fica de luto, cheio de tristeza e dor.
Itinerário tão comum em minha agenda e de meus amigos e familiares, não pude deixar de sentir aquele frio negro subindo a espinha.Poderia ser eu, poderia ser minha mãe, poderia ser minhas irmãs ou amigas.
Naquela noite bombeiros paulistas lutaram contra o calor do fogo que insistia em queimar, destruir, matar...naquela noite não teve garoa, e o choro não foi velado pelos gaúchos. Naquela noite,os dois estados se tornaram irmãos, mais uma vez.
Infelizmente (ou finalmente) esses momentos servem para nos fazer refletir sobre nossa conexidade, nossa união.Estamos, num primeiro olhar, separados, distantes...mas somos todos seres vivos, conectados na Teia da Vida, que pede, grita, implora por mudança...mudança de consciência, mudança de atos, mudança de Vida.
Precisamos deixar de agir como um vírus e voltar a agir como Seres Humanos, conscientes do impacto de nossos atos e responsáveis por nossos pensamentos e sonhos.
Se todos querem a Paz, por que ela não acontece?
Se todos querem ser Amados, porque nos dobramos para uma sociedade que nos controla pelo medo?
Se nós somos a sociedade, por que deixamos que tudo isso que nos machuca e faz sofrer continue acontecendo?
Busco a resposta meus amigos...ao mesmo tempo em que acalento os colegas que perderam conhecidos, amigos, ex-colegas de trabalho, familiares em mais um acontecimento fruto de nossos atos.
Por: gauchita triste