28 fevereiro, 2008

Na terra dos Manezinhos (ou quase)


No mais recente Carnaval, cheguei um pouco mais perto de um feito para cuja realização venho acumulando tentativas já há alguns anos: voltar a Floripa, a Ilha da Magia. Estive lá há muito tempo, quando tinha dez anos de idade (não vou dizer quantas décadas faz isso!!), e pouco me lembro da região, o que é realmente uma pena. O esquecimento infantil e involuntário só tem aumentado minha curiosidade, desde então, por voltar à ilha, sempre que ouço histórias sobre a beleza e as surpresas do lugar.
Pois bem, nesse feriado carnavalesco, de novo, achei que iria concretizar o tão esperado retorno. Algumas idas e vindas pelo meio do caminho, no entanto, fizeram valer a tradição: na última hora, meu destino mudou, embora dessa vez para paragens muito próximas do objetivo original. Fomos a Bombas, praia que fica quase ali ao lado, num passeio que valeu também muito à pena. Bombas e sua vizinha Bombinhas fizeram com que o feriado passasse muito mais rápido do que desejássemos. A cor azul-esverdeada do mar, as ruas simpáticas e o vento da praia tornaram duas vezes mais difícil a volta para a Paulicéia.

Bem, mas para além da beleza do lugar, não poderia deixar de registrar algumas coisas pitorescas que me chamaram a atenção. :) A primeira, sobre a qual já tinham me advertido, foi para não me frustrar por não ter ido a Floripa, já que, pelo visto, é fenômeno recorrente a todas as praias ali: a enorme, incrível, onipresente presença (merece a redundância, pois é grande mesmo, rs) de argentinos, portenhos e afins no litoral catarinense. A ponto de muitas das placas e até mesmo as faixas dos camelôs na praia serem escritas em duas línguas. A ponto de, na pousada, a nossa mesa ser a única, entre os hóspedes, em que a conversa era falada em português. Impressionante a predileção dos hermanos pelas praias de SC. Em certos momentos, cheguei a me perguntar se estaria realmente no Brasil, rs.

E a segunda coisa que me chamou a atenção é – pronto! – a também onipresença dos gaúchos naquelas paragens. Pelo que entendi, em temporadas, SC é invadida por gente vinda do sul e do oeste, de dentro e fora do país. Andando na rua, mais de uma vez nos deparamos com prédios de apartamentos com a bandeira do RS orgulhosamente estirada nas janelas. Num passeio de veleiro que fizemos, o monitor perguntou: “existe alguém do Paraná aqui?” Nada. “Existe alguém de São Paulo?” Incrivelmente, só eu (nesse momento me perguntei para onde foi todo aquele povo que me fez amargar 12 horas de trânsito na estrada até ali). E quando ele perguntou “Alguém do Rio Grande do Sul?”, o veleiro INTEIRO se pôs a cantar: “Ouve o canto Gauchesco e brasileiro, desta terra que eu amei desde guri”...

Pois é. Já fui chamada de bairrista algumas vezes pelo modo como falo da minha terra natal. Talvez eu seja mesmo, um pouco mais ou um pouco menos, como todo paulista. O bairrismo paulistano se mostra de forma menos ostensiva do que o gaúcho (aliás, existe algum povo mais ostensivamente bairrista do que o gaúcho? Digo isso em tom de observação, não de crítica, que fique claro, hehe). Mas somos bairristas à nossa maneira quando acreditamos, por exemplo, que paulistano não tem sotaque; que, para fora de São Paulo, o mundo se divide não em cidades, mas em dois ambientes denominados “campo” ou “praia”; que, apesar de todas as mazelas, não há lugar melhor para se prosperar e viver bem do que a terrinha da (ex-)garoa. Esses são alguns exemplos, exagerados porém reais, de manifestações bairristas que já presenciei por aqui.
Não me considero cultivadora de nenhuma delas, mas devo dizer que, nesta viagem, estranhei mesmo, um pouco, a ausência paulista na vizinhança. Não por sentir falta, propriamente. Mas porque, viajando pelas praias por perto de SP, é comum encontrarmos hordas de paulistanos tentando aproveitar os feriados em meio a uma multidão similar à dos engarrafamentos diários na capital.
Ao ver praias de outro estado tomadas por caravanas de pessoas que não eram daquele local de origem, mas que imprimiam uma marca tão sua ao lugar, me pergunto o que, naqueles dias, seria feito dos catarinenses. Deviam estar um tanto acuados, talvez, como ficam os nossos caiçaras daqui, ao ver suas terras invadidas por gente de fora, tentando emprestar um pouco dos ares marítimos que eles vivenciam em tempo integral. Ou talvez estivessem felizes, aproveitando o movimento para aquecer a economia.
De qualquer forma, com ou sem "estrangeiros" (afinal eu também fui uma), o passeio foi lindíssimo e de renovar a alma. Impressionamente como o sul oferece, na verdade, inúmeras (e inesperadas) chances de comunhão com a natureza e interação cultural. Pra nenhum bairrista ou cosmopolita botar defeito. :)
Por Paulista, já quase bi-cidadã :)

01 fevereiro, 2008

Feriadão típico


Vida de gaúcho é assim mesmo.
Passa a semana toda pensando no feriadão
Em Santa.
Imagina as praias que vai visitar
Em Santa.
Prepara a mala, com roupas para o carnaval que vai curtir
Em Santa.
Daí chega o final de semana, entra na previsão do tempo e descobre que vai chover
Em Santa.
Que beleza!!!
Por gauchita