01 novembro, 2006

Esse é o meu país


Em 40 dias de peregrinação além-mar, aprendi que:

- Estamos acostumados a todas as cores da aquarela. De verdade. É estranho andar em um lugar onde não há japoneses que não sejam do Japão, não há ruivos que não sejam irlandeses, não há loiros que não sejam alemães. A falta de variação incomoda.

- O passaporte brasileiro é recordista em falsificações. Porque não existe um tipo brasileiro: somos de todos os tipos.

- Alguns acham que SP e o Rio são a mesma cidade, e que carioca quer dizer brasileiro.

- Tem gente que acha que aqui se fala espanhol.

- Mas tem gente que acha que falamos "brasiliano". Português, só quem já foi pra Portugal.

- Tem gente que sabe que a primeira Imperatriz brasileira era austríaca, mas não sabe que o primeiro Imperador brasileiro era português. A pátria lusa não é muito cotada na Europa. Mais um traço de identificação?

- A Garota de Ipanema vai ser sucesso lá fora mesmo daqui a mil anos.

- Toquinho também, acho eu.

- Caetano e Gil, só para iniciados.

- Um bar pode se chamar "Café Brasil" e não ter nada brasileiro pra servir.

- Todos adoram os brasileiros.

- E muitos acham que as brasileiras estão aí pro que vier e der.

- O nosso metrô é o melhor do mundo. Sério. A gente consegue ver através das janelas, que não estão totalmente ofuscadas pelas pixações. E consegue não sentir cheiro nenhum nos túneis.

- Aqui as coisas não fecham pro almoço, pra reabrir às 16h30 da tarde.

- É legal ficar feliz ao ouvir o Virundum em algum lugar.

- É legal ter saudade de Sampa.

- É legal ouvir alguém falando português com você, ainda que o português de Portugal.

- É legal sentir a afetividade de um povo tão latino, que tem coração parecido com o nosso.

- É legal ver que aqui tem fila pra idosos, pessoas com deficiência e grávidas.

- É legal ver que muitas pessoas lá fora fogem do senso comum e entendem o Brasil, mesmo sem serem brasileiros.

- É legal gostar mais do seu país depois de sair dele por um tempo.

"Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta".
(Yung)



por Paulista

Um comentário:

menina disse...

Ju!
Delícia de post. Dá vontade de pegar o mochilão, a fía, e sair pelo mundo. Como a Juliette Binoche no filme "Chocolate"...hehe
Continue nos brindando com as histórias de La Vecchia Italia. E lembranças pra gatinha Bastet! rs
Beijo,